sábado, maio 30, 2009

bênção III...


De quem 'espera'...

O futuro profissional, se, por um lado tem a (aparente) segurança de ser menos "difícil" que o dos restantes finalistas, por outro, tem-me dado que pensar, que recear talvez...


Acho que já perdi alguma capacidade de me desiludir e de me espantar. Mas olho à minha volta, para o 'mundo dos adultos' e decepciono-me com a maioria das coisas que vejo, ou talvez, simplesmente, não me identifique.


No campo profissional peço a bênção de me manter íntegra.
Apercebo-me de que quase tudo é movido por interesses, por egoísmo, por competições desleais e desmedidas. Vejo em alguns profissionais da minha área o desinteresse, a injustiça, o ócio, a desmotivação, que se traduzem em erros profissionais e humanos.
Não quero isso para mim. Não quero ser ou tornar-me como os demais, por forças e pressões da sociedade em que vivemos. Talvez exagerada, demasiado negativista esta visão, que não se aplica a todos, mas que se vê frequentemente.

Peço para mim fidelidade, respeito, preocupação, interesse, humildade, atenção, cuidado, para com os meus doentes. Tenho ciente que o mundo do trabalho é, por vezes, 'mundo cão', mas que saibamos combater isto...


E quando, porventura, me esquecer, avivem-me a memória!


bênção II...


De quem agradece...

Com o fim do curso vem para alguns a nostalgia.
Para mim este terminar traduz-se em alegria. Muita. Estou feliz por terminar, por perspectivar um outro estilo de vida. Sem ansiedade, sem pressa, para mim, o fim vem na hora certa, acho que nem demais nem de menos.


Estes dias tenho pensado nestes 7 anos de Universidade e no que levo daqui. Tanto tanto. E só consigo, de facto, agradecer e ficar feliz. Desde ter aprendido a ser estudante, ter aprendido a gostar de estudar... a ter vivido tantas coisas e experiências diferentes... Sinto que fui vivendo as fases todas, as etapas certas, nos momentos certos. E no meio de querer viver o tudo fui sempre sendo paciente e deixei-me ir descobrindo. E as memórias são ricas. E as pessoas são 'parte de mim' ou 'eu delas'.

Pode-se sempre fazer mais, viver mais, conhecer mais, aprender mais. Mas o equilíbrio de ter feito de tudo um pouco e o melhor possível tranquiliza-me.



bênção I...


No Domingo passado foi a Bênção das Pastas.
A cerimónia foi bonita, surpreendeu-me algum silêncio que se fez sentir e o respeito dos estudantes ali presentes, que, como disse o nosso Bispo, na sua maioria vão porque é tradição.
Eu fui para além da tradição, fui porque faz sentido para mim.
E fez sentido também nas palavras sensatas e adequadas que o Bispo nos dirigiu. Falou de bênção, abençoar, benzer... e no seu duplo sentido.
Somos benzidos (simbolicamente a nossa pasta e as nossas fitas) em acção de graças, porque, de facto, fomos abençoados em podermos ter chegado ao fim desta etapa. E devemos estar agradecidos pelos pais que nos proporcionaram estes anos, pelas aprendizagens várias que fizemos, académicas e não só, pelas pessoas. Abençoados porque terminamos o curso.
Mas também recebemos a bênção de quem pede para o futuro que se avizinha, em tom de 'súplica' para o trabalho que nos espera, novos desafios, a independência.

O nosso Bispo falou ainda dos valores que devemos preservar, justiça, igualdade, honestidade, solidariedade..
Senti-me abençoada, agradecida e confiante.


sábado, maio 23, 2009

retrospectiva...


Esta semana celebrei e celebro a vida.
Dei-me conta de como é ténue.

O João nasceu na 4ª feira, pelas 18h15. Chorou. Pesava 3470kg e vinha entre o azul e o roxo. Interroguei-me se seria normal. "Em cesarianas é normal". Mas demorou até ganhar o tom rosa, o tom de pele, demorou até que lhe apertassem os pés, até que o abanassem, aquecessem, lhe dessem oxigénio e ele começasse, lentamente, a abrir os olhos e a reagir. E demorou até eu me aperceber que foi um limiar muito pequeno entre um lado e outro da linha da vida. Fui ver o João no dia seguinte, peguei-lhe ao colo e já sorria. Tinha fome mas não queria leite artificial. E que bem que soube pegar-lhe ao colo e saber que pode ter anos de vida pela frente sem estar roxo ou azul.

A Beatriz nasceu na 4ª feira pelas 23h35. Demorou muito pouco até se decidir a conhecer o mundo que a esperava. Não a vi sair da barriga da mãe, mas esta disse-me que correu tudo bem. A Beatriz dormia quando a fui visitar no dia seguinte. A mãe não estava preocupada que ela deixasse de respirar. Mamou sem reclamações. Um parágrafo mais simples, mais pequeno.

Sim, dois seres indefesos, abençoados com a vida de maneiras bem diferentes.
Tal como nós, adultos, vamos sobrevivendo mais ou menos facilmente. Ténue.
Esta é a semana dos 'Joões', Joanas e Beatrizes. Grata pela vida.

quarta-feira, maio 20, 2009

versos...

Estava na 'inbox' há um mês, a um mês de completares o teu quarto de século. Hoje reli e gostei ainda mais, como tu gostas sempre e gostaste quando me enviaste.
Diz de ti, de mim, do que nos aproxima e nos é cúmplice, numa espécie de antítese daquilo em que acreditamos.
Costumo falar de ti como o 'meu eu masculino'.
Parabéns meu amigo, porque tu não usas máscaras...






Máscaras

São de veludo as palavras
Daquele que finge que ama

Ao desengano levo a vida
A sorte a mim já não me chama

Vida tão só
Vida tão estranha
Meu coração tão mal tratado
Já nem chorar me traz consolo
Resta-me só o triste fado

A gente vive na mentira
Já nem dá conta do que sente
Antes sozinha toda a vida
Que ter um coração que mente

Rodrigo Leão

segunda-feira, maio 18, 2009

retomar...


Não tenho "reflectido muito", também não tenho propriamente rezado e, talvez por isso, não tenho partilhado aqui. Porque escrever é sempre o resultado de uma reflexão e/ou oração, enquanto coisas distintas, mas complementares.
Escrevo "mais ou menos" em directo...

E escrevo precisamente, e de um modo contrário ao que habitualmente acontece, para me obrigar a parar, sentir e rezar.

Não sei se foi o tempo que passou a correr ou se fui eu que fugi do tempo. Acho que somos sempre nós quem foge, porque o tempo existe sempre. Fugimos de quem somos ou de quem queremos ser, porque requer de nós exigência, dedicação, entrega, partilha. E somos nós nas relações, na proximidade com o outro, nas escolhas, na integridade e na fidelidade a nós mesmos.

De certo modo, tenho sido infiel a mim, quando não escrevo diariamente sobre os versos do Pessoa, quando não dou espaço e tempo ao coração, quando não 'recordo' cada dia que vivo e repenso o dia de amanhã.
E isso reflecte-se num sentimento de vazio, por entre o cheio dos meus dias, cheios de gente, de afazeres, de responsabilidades, de metas... que, se não integro e não rezo, não vivo plenamente.
Para hoje e amanhã, e depois de amanhã: voltar à minha agenda...



quarta-feira, maio 13, 2009

'10' memórias num só post...


-1-
De 6 a 12 horas de espera. Algumas dores musculares, algum cansaço, dissipado na vontade de estar ali, não estar só, mas sermos um só, em tons amarelo, a esvoaçar.
Às 12 badalas as lágrimas, não minhas, mas de quem sente de outro modo, a tal hora... a hora DA serenata.
"Gravado levo o fado e a balada
No peito pr'a toda a vida
A negra capa traçada
Chegou a hora da partida".
Para mim, alegria entre a nostalgia, a tal balada do 6º ano Médido, cantada e tocada por amigos, para acrescer ao orgulho de terminar, terminar bem.


-2-
Quem vem por bem bem-vindo é! Presença assídua, em 7 anos de Coimbra, em mais anos de vida. Desta, vieram também amigos de outras andanças, das que fazem crescer, e ,tudo junto ,numa amálgama de laços e comemorações. 'Já vim à Queima'. E eu 'vi'-te cá!

-3-

A falta que fazes. Porque desta regresso sem ti a casa. E é inédito em tantos anos de Universidade. Mas ainda assim marcas presença e fazes-me rir e fazes-me bem. É o último, estou feliz e sei que partilhas da sensação!

-4-

Cartolas e bengalas. O cortejo. As cores. Os banhos. A multidão, quem nos é querido, que nos quer bem, a quem devemos o estar aqui e o ser também. A "evolução", a (des)inibição, os rostos que passam, que sorriem. Chegar e não chegar, gargalhadas muitas. Bengaldas e presenças que são essenciais.
À noite o último "Quim", que ficará sempre em noites de Queima e nada mais que isso. Onde os corpos mexem, porque estão programados ao som habitual... e se dança e se canta, como se o amanhã tardasse e tarda mesmo..


-5-

O último (palavra omnipresente) jantar de curso. Atípico, pela tranquilidade e pelas ausências. Ainda assim o nosso jantar, o nosso ano, 2003/2009, que alguém gravará um dia no Penedo (tu?)

-6-
Alusão à portagem, porque é de todas as noite, é o princípio e o 'fim'. O Guitarras, Aeminium, Toledo, Montanha, Briosa... quem não regista? Os finos que passam a metade do preço a meio da noite? Os transeuntes alcoolizados, outros menos, O ponto de encontro.

-7-
Grande noite, grande noite, hoje vai ser a grande noite... O regresso do (último) jantar cá em casa, onde cabem 2 ou 3, cabem 33... Esse chá, que não é das 5, mas é tão divertido que só o pensar ir diverte. Mais uma vez não desapontou. E foi também a confirmação dos reencontros desta Queima. Que bem que sabem. O esferovite, aquela "piscina", a euforia, os olhos brilhantes...


-8-
A praça de touros e os corajosos (ou aparentemente) que enfrentam os cornos afiados. Antes ,a nova mistura de fitados e cartolados que entra de pasta em punho, bem no alto e grita e salta.
De novo o arco-íris, de novo o colectivo, de novo nós, ali.
E a surpresa do jantar ganho com tanto mérito, a surpresa da espontaniedade, dos brindes, dos abraços, em pares emparelhados, por ironia dos nomes (não do destino), que nos juntou até hoje. Fica na memória, porque foi talvez o nosso mais memorável jantar!


-9-

Quem canta seu mal espanta. Não espanta a fome da espera, nem a sede da digestão. Mas espanta a tristeza. E a noite acaba com a luz do dia, em ambiente 'familiar', com a certeza de que será a última queima, porque aqui se esgota o sentido e se esgota bem.

-10-
Sem angústias, sem lamentações. Dias de liberdade, de cansaço do corpo, mas descanso da alma! Tranquilidade, serenidade, alegria. Fim. E para o ano não há mais :)

segunda-feira, maio 11, 2009

o certo seria...


Mas não!
Acordei com a chuva a bater na minha clarabóia. É uma sensação boa, reconfortante, em dias de Inverno, quando temos o dia livre para ficar embrulhados numa manta no sofá a ver filmes parvos.
A primeira sensação, ainda meio a dormir, foi essa... que bom... eu quentinha aqui de baixo... a chuva lá fora. E hoje nem sequer tenho que sair de casa.
Entretanto acordei e percebi que é dia 11 de Maio! Logo... pico da Primavera!
Sei que sou um pouco chata com este assunto mas enquanto tomava o pequeno almoço e via o Minuto Verde na TV descobri que estamos na:

Semana oficial do Sol em Portugal: de 9 a 17 de Maio de 2009

Portanto... alguém me explica porque não posso eu vestir saias, acordar com um sorriso de orelha a orelha e ter muita vontade de sair de casa?

Volta de vez!!Oh por favor!!!