segunda-feira, novembro 24, 2008

'bucket list'....




Já há muito tempo que não fazia uma lista, por tópicos.

As viagens longas e sem companhia (a não ser a da rádio ou de um qualquer cd) são 'prodigiosas' em pensamentos sobre o tudo e o nada, o pouco e o muito importante.


Inspirada, entre outras coisas, por
partilhas amigas, elaborei mentalmente uma lista de medos.
Medos do que não quero vir a ser, em que não me quero vir a tornar...
E, quando tentei pôr no papel, o que saiu foi uma grande lista de "desvirtudes", chamemos-lhes assim, de coisas que não gosto em mim, que calculo e sinto que os mais próximos também não gostem, e que fazem de mim uma pessoa pior, o que vai contra um dos meus propósitos de vida, de ser tentar ser sempre melhor. (Consigo só nos dias santos!)

E no fim da longa lista... senti-me livre e contente. Essas "desvirtudes", afinal, não eram mais do que os medos 'adaptados'... uma versão do mesmo!


Propósito: elaborar uma outra lista de "combate", do que, passo a passo, quero ir tentando transformar/mudar/crescer em mim!

sábado, novembro 22, 2008

mundo...



Um pequeno retrato da Guiné-Bissau.



ego para baixo...



Estou preocupada com a possibilidade de, em certas alturas, perder o sentido das coisas, me ter "demasiado em conta" e distorcer a realidade.

Não uma, nem duas, nem três... pessoas importantes e próximas me disseram coisas que senti como facadas. Em contextos bem diferentes, relativas a diferentes campos: relações pessoais, trabalho,
responsabilidades, futuro pessoal e profissional... não sei se têm toda a razão, mas custou ouvir e custou perceber que podem ser verdadeiras.

Sem pré-aviso, sem estar a contar, ouvi algumas coisas bem difíceis de se ouvirem, de se encaixarem e que abanaram os meus alicerces.


Em menos de 48horas senti a simulação do sismo na região de Lisboa em mim. Espero ter sido só simulação, para também eu preparar e activar os meios de protecção, não civil, mas de cidadania, de pessoa.


Preciso deitar abaixo algumas estruturas e reconstruir a minha casa.


Foi bom, apesar de tudo. É sempre bom tomar consciência de nós.
Tenho que redobrar a atenção. Parar e (re)pensar.

quarta-feira, novembro 19, 2008

ego para cima...















Ontem recebi as seguintes mensagens:

"Não podes ser só médica, que é desperdício"

"Gestora, organizadora, investidora, embaixadora, voluntária, cronista. Sei lá"


Faltou o cozinheira. Ou talvez não, porque acho que gosto da cozinha por não ser diário/obrigação.

Fiquei muito contente..Porque, de facto, podia ser muitas coisas e podia ser igualmente feliz.

Estou sempre a pensar que tenho jeito para muitas coisas e pouco para médica, mas há umas semanas atrás acordei com vontade! Vontade de ir para o hospital, de ver doentes, de trabalhar.

E por mais que me queixe, gosto também do que escolhi para mim ,e posso vir a desenvolver também o jeito, se trabalhar, se aprender, se não perder o rumo do certo, do justo, o sentido da igualdade e o humanismo.

Para além de querer gosto! É importante para mim.

E tenho que aproveitar esta maré, que é rara, e pode ir com a força com que veio...
Pretendo, assim, guardar para mim esta "luz", para quando me esquecer, alguém, ou eu mesma, me poder lembrar. De quem sou, o que quero e o que me move.

terça-feira, novembro 18, 2008

momentos culturais...



















Eu "not" Pessoa


É difícil escolher um poema de Pessoa.

Quando estudei O poeta, tinha para mim que Ricardo Reis era o meu predilecto. Pela racionalidade que transparecia. Nunca fui fã de Alberto Caeiro e Álvaro de Campos passou-me (na altura) um pouco ao lado. O ortónimo sempre me encantou, porque era ele... ainda que fingidor, era o mais próximo da pessoa, não Pessoa, mas o homem, não poeta.

De Alberto Caeiro: " A Arte de ver o real"
De Ricardo Reis: "A arte de saber viver"
De Álvaro de Campos: "Sentir tudo de todas as maneiras"

Agora que leio, atento, escuto... Álvaro de Campos cativa-me... não por sintonia, mas pela diferença... do que não vivo em mim, não sinto em mim... e saber viver e aprender com a diferença é também uma arte!

É um poço sem fundo o nosso FP. Daqueles em que mergulhamos quantas vezes quisermos. Há sempre um verso novo, um poema que atrai, uma associação à vida que corre..
Conseguiu ser louco e imortal. Deixou os versos...
A minha irmã disse que gostaria de o encontrar no céu. Eu acho que o Pessoa teria sempre que ser para mim uma figura do meu imaginário. Porque enquanto pessoa não o consigo sentir feliz, na sua desmedida ânsia do tudo e do nada.

Faltou lá o Caeiro, mas foi giro e recomendo. Principalmente se, desde início, tiverem em mente quem foi Pessoa e os seus heterónimos.


para quem tiver "coragem":

    TABACARIA

    Não sou nada.
    Nunca serei nada.
    Não posso querer ser nada.
    À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

    Janelas do meu quarto,
    Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
    (E se soubessem quem é, o que saberiam?),
    Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
    Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
    Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
    Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
    Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
    Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

    Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
    Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
    E não tivesse mais irmandade com as coisas
    Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
    A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
    De dentro da minha cabeça,
    E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

    Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
    Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
    À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
    E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

    Falhei em tudo.
    Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
    A aprendizagem que me deram,
    Desci dela pela janela das traseiras da casa.
    Fui até ao campo com grandes propósitos.
    Mas lá encontrei só ervas e árvores,
    E quando havia gente era igual à outra.
    Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

    Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
    Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
    E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
    Gênio? Neste momento
    Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
    E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
    Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
    Não, não creio em mim.
    Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
    Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
    Não, nem em mim...
    Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
    Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
    Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
    Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
    E quem sabe se realizáveis,
    Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
    O mundo é para quem nasce para o conquistar
    E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
    Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
    Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
    Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
    Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
    Ainda que não more nela;
    Serei sempre o que não nasceu para isso;
    Serei sempre só o que tinha qualidades;
    Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
    E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
    E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
    Crer em mim? Não, nem em nada.
    Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
    O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
    E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
    Escravos cardíacos das estrelas,
    Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
    Mas acordamos e ele é opaco,
    Levantamo-nos e ele é alheio,
    Saímos de casa e ele é a terra inteira,
    Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

    (Come chocolates, pequena;
    Come chocolates!
    Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
    Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
    Come, pequena suja, come!
    Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
    Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
    Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

    Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
    A caligrafia rápida destes versos,
    Pórtico partido para o Impossível.
    Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
    Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
    A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
    E fico em casa sem camisa.

    (Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
    Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
    Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
    Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
    Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
    Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
    Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
    Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
    Meu coração é um balde despejado.
    Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
    A mim mesmo e não encontro nada.
    Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
    Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
    Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
    Vejo os cães que também existem,
    E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
    E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

    Vivi, estudei, amei e até cri,
    E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
    Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
    E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
    (Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
    Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
    E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

    Fiz de mim o que não soube
    E o que podia fazer de mim não o fiz.
    O dominó que vesti era errado.
    Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
    Quando quis tirar a máscara,
    Estava pegada à cara.
    Quando a tirei e me vi ao espelho,
    Já tinha envelhecido.
    Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
    Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
    Como um cão tolerado pela gerência
    Por ser inofensivo
    E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

    Essência musical dos meus versos inúteis,
    Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
    E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
    Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
    Como um tapete em que um bêbado tropeça
    Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

    Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
    Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
    E com o desconforto da alma mal-entendendo.
    Ele morrerá e eu morrerei.
    Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
    A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
    Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
    E a língua em que foram escritos os versos.
    Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
    Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
    Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

    Sempre uma coisa defronte da outra,
    Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
    Sempre o impossível tão estúpido como o real,
    Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
    Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

    Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
    E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
    Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
    E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

    Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
    E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
    Sigo o fumo como uma rota própria,
    E gozo, num momento sensitivo e competente,
    A libertação de todas as especulações
    E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

    Depois deito-me para trás na cadeira
    E continuo fumando.
    Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

    (Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
    Talvez fosse feliz.)
    Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
    O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
    Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
    (O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
    Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
    Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
    Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

    Álvaro de Campos, 15-1-1928

sábado, novembro 15, 2008

mundo...




Amanhã é dia de eleições na Guiné-Bissau.
O que se ouve por cá é sempre tão diferente da realidade de lá ,que não sei em que é que posso acreditar... "Tentam atirar areia para os olhos", mas é o que temos...

RTP

LUSA

JORNAL DIGITAL


"Depois prometeu um governo a pensar nos principais problemas do país, na estabilidade, no saneamento das finanças públicas, na recuperação da energia eléctrica e da água no país, porque "sem água e sem luz não há desenvolvimento"
."


relativo ao discurso de Carlos Gomes Júnior (candidato a Primeiro-Ministro)


No dia em que a Guiné Bissau tiver energia eléctrica e água.... será um dia verdadeiramente feliz...
Mas, às vezes, tenho a sensação que não estive naquele país, mas noutro qualquer... porque é-me tão difícil acreditar e confiar que seja possível que ali algo funcione.


Para os interessados.

quinta-feira, novembro 13, 2008

mimos...



















Abraços.
Cumprimentar com um beijo ou um aperto de mão é frequente. Dar um abraço não.


Pondo de parte os abraços maldosos, e as pessoas que abraçam indiscriminadamente outras pessoas (abraços vãos), o abraço é normalmente um gesto comedido, selectivo.
Não damos abraços a todos os amigos, a todos os familiares. Não damos sequer abraços a todas as pessoas próximas. Às vezes até parece que há uma qualquer barreira físico-psicológica que impede o simples abraçar.


O abraço carrega carinho, atenção,
amor, compromisso, olhares, paixão, solidariedade, amizade... O abraço, por si só, às vezes diz tudo o que não pode ou não deve ser dito oralmente.
Um só abraço pode ser suficiente...


E nós temos medo, vergonha, timidez, relutância em abraçar, em sair do nosso espaço, saltar da frieza para o quente.


Gosto de abraços verdadeiros, sentidos, inesperados e esperados também.
Abraços de alegria, de cumplicidade, de felicitação, de saudade, de (re)encontro. Gosto que me abracem quando estou triste, quando não tenho coragem de pedir. Gosto de abraçar sorrateiramente... gosto de abraços com gargalhadas e sorrisos...

Sou da ala "abraços reservados para pessoas e dias especiais". E não sei, nem consigo explicar, porque é que, por vezes, o corpo não reage quando a mente ou o coração nos impelem a abraçar, e nós ficamos calados, impávidos, inertes...


quarta-feira, novembro 12, 2008

divagações...



Tenho vindo a pensar que o ser humano, minimamente inteligente e sabido, é dotado em "inventar desculpas" para se explicar, perdoar, justificar, valorizar e dar razão... tudo a si mesmo.


Aliado à capacidade extrema de nos ouvirmos a nós mesmo mais que aos outros, temos a capacidade de procurar exactamente as pessoas que sabemos que reforçarão tudo aquilo que nós mesmos "inventámos" e sobre o qual estamos (ou simplesmente nos afirmamos) convictos.


É de "louvar" a forma subtil e discreta com que nos convencemos de uma série de coisas, que consideramos (será?) melhores para nós, e sobre as quais já pensámos e reflectimos e, como tal, estamos cheios de razão... de nós próprios, lá está!


Apercebi-me que repetimos, calmamente, a uma série de pessoas, qualquer coisa de que queremos simplesmente convencermo-nos e acreditar.
Mas se pensarmos só um bocadinho... estamos a tentar enganar quem? A nós ?! A mim !?

Porque, na minha lucidez (e pondo-me do outro lado), se eu fosse um receptor meu, perceberia que, entre o que digo, faço, sinto e acredito, vai, por vezes, uma distância considerável.



NO ENTANTO... e no revés da medalha...


Se não nos educarmos e não nos confrontarmos, ainda que apenas com "convenções interiores", deixamos que algo que não queremos se apodere da nossa sanidade mental.


Pau de dois bicos.

Deve ser mesmo assim que se cresce e aprende.

(E que se cometem erros repetidos, ouvi alguém dizer... aliados às fraquezas e "fortalezas" de cada um.)

quinta-feira, novembro 06, 2008

em posts "esquecidos" IV

10 de Janeiro de 2008


Já não me lembro como descobri este site.. mas lembro-me de ficar orgulhosa do meu país e desta cidade maravilhosa! O número 2 da lista!

E 2009 é sempre um bom ano para descobrir novos lugares :)
Eu já visitei alguns e valem muito a pena... mas ver todas estas sugestões faz "crescer água na boca"... o bichinho das viagens.

Espreitem, vale mesmo a pena..




em posts "esquecidos" III


21 de Outubro de 2007

No Fim

No fim de tudo dormir.
No fim de quê?
No fim do que tudo parece ser...,
Este pequeno universo provinciano entre os astros,
Esta aldeola do espaço,
E não só do espaço visível, mas até do espaço total.


Álvaro de Campos

em posts "esquecidos" II


10 de Fevereiro de 2007

«O Sorriso

Creio que foi o sorriso,
o sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz lá dentro,
apetecia entrar nele,
tirar a roupa,
ficar nu dentro daquele sorriso.
Correr,
navegar,
morrer naquele sorriso.»

de O Outro Nome da Terra

em posts "esquecidos" I

29 de Janeiro de 2007

O Amor

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de *dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

Fernando Pessoa

momentos...

"Detestava ter um grupo de amigos só de raparigas. (...) Vivam (...) todos os amigos Y."
Eu diria mais! Vivam os nossos amigos e noites como estas.... desafinadas, com castanhas, tartes, broas, vinho e jeropiga. Risadas com piadas sem graça, o à vontade dos tempos... vivam três homens à volta de um interruptor, as guitarras e os fados. Viva a alegria num magusto improvisado!


terça-feira, novembro 04, 2008

alegrias..


Enquanto rezava o meu "papel" enquanto Cristã, e em que "Ser Cristão é uma responsabilidade", recebi um telefonema. Soube que algumas crianças/bebés da Casa Emanuel vão ser adoptados por famílias italianas.
Haverá maiores exemplos de cristandade? Falo da instituição, das famílias que acolhem...
Notícias assim são sempre benvindas!


sábado, novembro 01, 2008

perspectivar...





















O dia 1 de Novembro. Dia de todos os Santos.

Ontem à noite estive a ver mãe e tia a prepararem 10 arranjos de flores para as campas dos familiares e amigos.

Desde pequena que assim é. Todos os anos, na véspera "de todos os santos" a avó limpa cuidadosamente a campa dos avós. Antigamente preparavam-se os arranjos no cemitério, com flores caseiras. Agora preparam-se na véspera com uma mistura de flores campestres com flores de estufa. No dia 1, logo pela manhã e antes da missa, vamos ao cemitério depositar as flores, as velas (que também sofreram fortes transformações ao longo do tempo) e rezar pelos familiares que ali se encontram.

Hoje, enquanto assistia a todo este ritual, perguntava-me (como me perguntei das últimas vezes) o sentido que tudo isto tem para mim. Não me faz confusão, mas não deixa de me inquietar. Tenho a sorte de ainda não ter perdido ninguém próximo. Não posso, nem tenho o direito, de tentar compreender o que se sente e o impacto que a morte de alguém pode ter em nós. Mas todas aquelas velas e flores... sim, dão um efeito de conjunto bonito, principalmente à noite, mas pergunto-me se não é exagero.. uma vela não chega? Um ramo simples, uma oração, a lembrança... a memória... ?

Pergunto-me se quando for muito crescida, se viver muito longe daqui, continuarei a vir e a dar uma certa continuidade a este dia e a tudo o que representa para a minha família. Se não por mim, pelo menos pelo que sei que significa aos meus...