Dizia uma pessoa amiga, há dias, qualquer coisa como: "Não se pede amor". Ao que eu diria que o amor, de facto, não se pede, muito menos se pedincha.
Numa visão mais abrangente pode-se falar de amor, tal como de amizade e de afectos. Sejam sentimentos ou gestos, manifestando-se de variadas formas, são gratuitos e, na sua essência, desinteressados.
Estudos recentes dizem que são fruto de mecanismos cerebrais, explicáveis portanto, contrariando a velha teoria do que não se explica, o universo da alma e do coração.
Em qualquer caso, a amizade dá-se ou retribui-se, o amor faz-se sentir e os afectos são talvez a manifestação visível e palpável deste "universo". Não se pedem. Porque quando se chega ao ponto de "pedir", de formas explícitas ou implícitas, conscientes ou inconscientes, entra-se no campo da exigência desmedida, da insistência desmesurada, em que o outro se sente ameaçado, sente a sua liberdade posta em causa. Entra-se no campo da insegurança e desconfiança, numa ruptura inconsciente que motiva, de parte a parte, a gestos e atitudes que nada têm a ver como amor e/ou amizade.
E, por razões objectivas ou por "razões que a própria razão desconhece", as dissonâncias no ser e no estar acontecem. E, a certa altura, vive-se uma situação unidireccional, em que apenas um dos lados procura e se dá. O difícil é perceber quando se atinge o tal ponto 'sem retribuição', o ponto em que é quase 'inevitável' pedir.
E é preciso estar atento para se saber quando a motivação é virada para fora ou para dentro. Quando não 'insistir' é a melhor forma de fazer bem ao outro e a si mesmo.
E pensar que, no universo, "nada de perde, tudo se transforma".
1 comentário:
Olá! Optima reflexão! De facto o amor não se explica nem se pede, o seu proprio movimento é já gratuidade. É aquilo que ao mesmo tempo nos une e nos liberta.Por ser tão contraditorio é aquilo que temos de mais parecido connosco, e o que somos chamados a ser de modo mais completo. Obrigado e bom domingo!
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