sábado, março 21, 2009

comunicação social...

«Lisboa, 21 Mar (Lusa) - O Bispo das Forças Armadas considerou hoje que proibir o preservativo é consentir em muitas mortes e criticou a imprensa por não aproveitar bem o poder do Papa para denunciar a corrupção em África.

"Toda a gente sabe o que é que eu penso acerca disso", afirmou D. Januário Torgal Ferreira à Agência Lusa, quando questionado sobre a sua discordância em relação ao Papa Bento XVI, que em África reiterou ser contra a utilização do preservativo, nomeadamente na luta contra a Sida.

"É claro que há circunstâncias, e do ponto de vista médico não tenho qualquer dúvida, em que proibir o preservativo é consentir na morte de muitas pessoas", acrescentou, considerando que, neste sentido, "as pessoas que estão aconselhar o Papa deveriam ser mais cultas".

D.Januário Torgal Ferreira diz-se, no entanto, muito chocado "pela leitura reducionista" e com a obsessão da comunicação social por alguns temas.

"Expliquem-me, por exemplo, porque é que os senhores jornalistas não deram destaque ao apelo do Papa contra a corrupção, lavagens de dinheiro, guerra e outras poucas-vergonhas em África?", questionou, salientando o destaque que os órgãos de comunicação social deram à proibição do uso do preservativo pelo Papa ao chegar a África, enquanto que os jornais de hoje falam da denúncia que Bento XVI fez acerca da corrupção no continente "apenas em duas ou três linhas".

O Bispo considerou que os jornalistas não souberam aproveitar "o poder que o Papa tem para falar de temas como a corrupção, interesses das grandes potências, esclavagismo, guerra e neocapitalismo de chefes de Estado".

"É altura para dizer que alguns jornalistas estão também muito mal aconselhados", considerou, salientando que "é caso para dizer também que o jogo está empatado 0-0", entre o jornalismo no caso da denúncia de corrupção e o Vaticano na proibição do preservativo.

"Quem é que levanta a voz a defender a justiça social para África? Nós portugueses fomos muito culpados da pouca-vergonha que existe em África e continuamos a sê-lo com o nosso silêncio", considerou.»




Muito bem dito. Estou farta de ouvir a comunicação social e a população em geral a cair em cima da Igreja de cada vez que se diz algo polémico. Não quero com isto dizer que concordo com as palavras do Papa ou com a excomunhão. Nem sequer que não reconheço os erros que esta instituição comete sem qualquer necessidade e disparatadamente. Mas irrita-me solenemente a facilidade e rapidez com que as pessoas criticam e apontam o dedo, a ira, impiedade, tom acusatório perante a Igreja e os seus representantes e ,na maioria das vezes, sem sequer lerem uma linha oficial sobre o assunto, sem estarem devidamente informadas, para além da notícia de rodapé, das gordas dos jornais ou do "disse que disse"! Quando é diariamente dita e escrita tanta coisa que todos deveríamos ouvir e tomar consciência. O bem que se diz, o que se promove e incentiva, os valores, a solidariedade, a preocupação para com as questões sociais são constantemente abordadas pela Igreja e ninguém louva, agradece ou enaltece.
Sociedade simplista a nossa. Como disse uma amiga minha, é o "caminho mais fácil"! Pois é, enquanto critico e censuro não preciso de me levantar do sofá para fazer algo por outrem. É mais fácil condenar as palavras do Papa que ir ao terreno insistir, explicar e alertar para as DST´s. Porque lá longe, no ecrã... nem sequer é "nada connosco"!!
E, no dia em que a Igreja deixar de alertar consciências e deixar de ter um papel activo e preventivo, principalmente nos países em vias de desenvolvimento, eu quero ver o que se dirá por aí... Deus nos livre!


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