Tenho conversado com muita gente sobre muitas coisas. Considero que conversas enriquecedoras, sinceras, "intelectuais" até. Tenho pensado muito, também sobre muitas coisas. E tenho-me disposto a ouvir, embora sinta que tenho falado mais do que ouvido, no verdadeiro sentido de escutar. E, por fim, tenho estado atenta às pessoas, ao que dizem, ao que fazem, ao que pensam e à forma como se relacionam, ou não.
Posto isto, a consideração mais evidente a que chego é que as pessoas simplesmente não comunicam, falam apenas entre si.
E é incrível o que se perde por esta falta de comunicação. Perdem-se laços, relações, pessoas, oportunidades.
Os climas de suspeição, as suposições, o ficar a pensar e a remoer no que foi dito, no que alguém disse, muitas vezes no "disse que disse", no que se leu, no que se intuiu... deixa sempre uma vazio, um gap de informação. Este gap por sua vez leva a inibições, a interpretações erradas, as falsas impressões. E não acaba por aqui, porque depois disto vêm as omissões, as reacções impulsivas ou dissimuladas, e por aí fora, com efeito "bola de neve".
Percebo que, por vezes, falar custa, especialmente quando nos põe em cheque. É difícil encarar, enfrentar, confrontar. É uma espécie de exposição ao outro, é correr o risco de se tocar em pontos fracos, de se magoar, ou de sair magoado. Implica alguma liberdade interior.
E depois deixam-se arrastar situações, à espera que o outro dê o primeiro passo, que se aproxime, ou mesmo se aperceba, sem que ninguém lhe diga, daquilo que pensamos. É talvez o maior erro. Assumirmos que o outro tem obrigação de perceber exactamente aquilo que só a nossa cabeça é capaz de elaborar, aquilo que queremos que perceba, porque para nós é obvio.
E, às vezes, tudo depende de um pequeno gesto de coragem, de abordar o outro e comunicar, dizer o que me irrita, o que gosto, o que me surpreende, o que me desilude, o que me inquieta, de inquirir, de pôr em causa, de, simplesmente, esclarecer. Parece simples. Sei que não é. Mas pode ser, quando estamos dispostos a arriscar e sabemos que o outro também sabe e pode ouvir e que sabe e pode também ele comunicar. É que quando deixamos passar muito tempo, pode ser tarde de mais..
Mas, quando finalmente conseguimos chegar à outra pessoa, sabe mesmo bem, porque tudo se torna claro, vão-se os mal-entendidos, sobressai o essencial, o que une, o que aproxima.
E vale mesmo a pena.
1 comentário:
Homónima, inspiras-me...
Enviar um comentário