segunda-feira, setembro 15, 2008

"ilógicas"...




Tenho vindo a pensar e a falar sobre pessoas e relações.

Há dias dei por mim a pensar que as pessoas, assim como tudo na natureza, têm papeis específicos, que não devem ser ocupados por outros.
A mãe é mãe. Por mais amiga que possa ser, tem que cumprir o seu papel de mãe, ser por vezes conselheira, por vezes alarmista, autoritária, irritante, galinha, atenta e perspicaz. Ninguém pode substituir este papel de mãe, nem as avós, ditas "mães duas vezes".

O pai é normalmente a figura mais "temida na casa". "Pede ao teu pai!; Já falaste com o teu pai?" O pai, às vezes, é mais sensato que a mãe, consegue pôr de lado o instinto maternal, que não tem, e ver com mais clareza. O pai conforta, chama à atenção, fala só com o olhar. Ninguém pode ser pai, a não ser o próprio.
O irmão/irmã depende já em si do número de filhos, da relação que os pais incutem, da diferença de idades, de sexo. Mas o irmão é o amigo das ocasiões várias, sabe alguns segredos, é protector e conselheiro. Quanto mais adulto, mais aprende e domina a sua "posição", aprende a ser paciente e a gostar mais ainda. O irmão é muito importante, porque, e de acordo com as leis naturais, quando os pais se vão, é o irmão o "pilar e a casa".
Os avós são aqueles que nos olham de cima, não percebem tudo e nem têm que perceber. Devem ser acarinhados e reconhecidos, porque, em última instância, são a base da pirâmide. Dão todos os mimos que, por "lei", não são permitidos aos pais, no decurso da boa educação dos filhos.
Os tios e primos, os próximos afectivamente, são a alegria da família, os laços descontraídos, os "pontos de abrigo". Dão número e cor, ajudam ao equilíbrio.

Os amigos, "amigos há muitos". Há os bons e os menos bons, os mais loucos e mais "certos", os mais próximos e os de momento. Os amigos nem sei... são as relações mais inconstantes. Variam com a idade, com as circunstâncias da vida, com as mudanças de cada um, com outros amigos. É difícil preservar amigos, não os conhecidos, mas os amigos. Preservar os contactos, os afectos, os pontos comuns.

Os melhores amigos também variam, com outra série de factores. Passada a adolescência não pode haver "o melhor amigo", a vida não o permite, revelaria imaturidade nas relações. Têm o papel fundamental de ouvir e ouvir, as maiores barbaridades e confidências.

O namorado/namorada é tudo o que todos estes não são e mais um pouco de cada um. Não são mãe nem pai, embora às vezes pareçam, não são só amigos, embora seja parte essencial da relação; não são os melhores amigos, caso contrário não se poderia falar do namorado/namorada aos melhores amigos.
Os conhecidos, vão e vêm... ás vezes iludimo-nos com um desconhecido, na expectativa de que possa ser um novo amigo, outras vezes surpreendemo-nos com quem à primeira vista não passava de um mero desconhecido desinteressante.


No fundo, falar de pessoas e relações não é mais do que um desperdício de tempo, meio ridículo até, pela ambiguidade e incoerência que implica, para além da falta de razão. Mas é de pessoas e de relações que vivemos, em constante mutação. Porque tudo isto faz sentido hoje para mim, nenhum sentido para ti, amanhã deixa de ser a minha realidade, passa a ser a dele... e as pessoas vão ser sempre pessoas e relacionar-se entre si, com o objectivo último e comum de se sentirem acolhidas, queridas e amadas.

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