quinta-feira, setembro 25, 2008

"ralações"...

























Os pais sabem sempre muito.
O meu "pai", embora não se caracterize por uma idade avançada, tem já alguma experiência de vida que eu não tenho e algumas reflexões a mais do que eu. Há dias falava com o meu pai, em passeio pela calçada, e ele dizia-me que há coisas que aos 18, 22, 24 anos não podemos perceber, ainda não vivemos o suficiente. Fiquei a pensar nisso. É lógico isto, até óbvio, mas mexe com o meu sistema nervoso a influência da maturidade das pessoas em tudo o que implica o ser humano. Tenho eu que esperar pelos 28 ou 30 para perceber determinadas coisas, relativizar outras, deixar os sonhos de menina descer à terra e aguardar ainda que a maior parte do meu círculo de amigos, que tem uma idade próxima à minha, atinja também o tal estado adulto!? Pois se a vida é em directo e as oportunidades nos fogem por entre dedos, onde está a essência de tudo isto?

No mesmo dia em que passeei com o meu pai, encontrei inesperadamente uma daquelas pessoas que entrou na minha vida há uns anos e não sairá a não ser com a força de alguma doença, daquelas que afectam a memória. A meio de uma conversa casual apercebo-me que estou num processo de autonomia desde 1999. Isto poderia não ter qualquer interesse, se 9 anos não me definissem, e no meio de tantas qualidades que procurei desenvolver, a incapacidade de perceber que o outro pode ser diferente de mim e igualmente válido não surgisse também, nas alturas em que menos convém... Ser autónoma, quase independente, num processo gradual tem o seu quê!?


Ando ralada com as pessoas e sem paciência para elas. Ralo-me ao longe. Já sabia que funcionava mais ou menos por ciclos, motivações e necessidades. Sinto-me a voltar a um tempo até recente, com os mesmos desafios interiores, e semelhantes desafios externos, acrescidos somente pela dificuldade inerente aos conhecimentos adquiridos. É suposto caminharmos em frente, aprendermos com os erros, mas sinto-me a sentir o mesmo, a fugir do mesmo, a lutar pelo mesmo, a reagir da mesma maneira, que há um tempo atrás... Não terei eu dado um passo em falso em algum momento da minha vida que precise de ajustar!?


Tenho o vírus nómada reactivado em mim... mas desta vou contrariá-lo e tentar não me ralar tanto!?

Sem comentários: