segunda-feira, março 15, 2010

inquietações...

Não tenho medo de envelhecer. Nem de ganhar rugas ou cabelos brancos. No fundo vejo isso como um futuro bem distante e talvez não real. Confio que as minhas expressões serão sempre minhas, autênticas e genuínas e que o sorriso manter-se-á! Acho que vou ter genica "eterna" e ser autónoma até ao meu fim e, quando não o for, "deposito-me" aos cuidados de alguém, diga-se, de alguém capacitado e profissional.

Pode ser comentado como "contar com o ovo no cu da galinha". Esta vida que tem dias de madrasta adora trocar-nos as voltas.



Esta noite 'sonhei um sonho estranho'. E vi uma realidade que é bem capaz de existir talvez não muito longe, mas que nunca vi de perto. Vi velhos abandonados à sua sorte que padeciam de cuidados e afectos. Uma situação apavorante, quem nem sou capaz de descrever por palavras, pelo impacto que me causou no acordar sobressaltado. Senti de perto o que não imagino que me possa acontecer, mas isso não me fez sentir melhor ou aliviada, pelo contrário.

A temática da velhice é pouco abordada e pouco acompanhada, ainda que muitos esforços tenham sido feitos nos últimos anos. Acredito que a essência do problema passa pela educação (ou falta dela) que recebemos em casa. Os laços cada vez mais ténues não nos fazem sentir como nossos os avós e "seus contemporâneos". A globalização e mobilidade são achas fortes desta fogueira, o egocentrismo e individualismo, acendalhas.

Vivemos cada vez mais afastados da família e sem uma "noção de conjunto", de origens, de gratidão e hierarquias. Temos memória curta ao que fizeram por nós, no que nos é ascendente.

E tudo isto alimenta o isolamento e afastamento de gerações, a fraca interligação e co-aprendizagens, a passagem da mensagem (sabedoria) e testemunho, e vivemos num ciclo vicioso... em que os novos acreditam que serão jovens para sempre e os velhos se lamentam do que não construíram para si em novos, porque tudo quiseram dar aos "seus"...

1 comentário:

Maria disse...

Ás vezes é mesmo angustiante ver situações mesmo complicadas ( que existem!).

Sabes?

Acho que podíamos substituir a palavra envelhecer por viver.

É que cada pessoa envelhece de uma forma profundamente pessoal.

Tenho muito a sensação que às vezes esquecemo-nos de escutar as pessoas. "De que é que precisa?"

Na realidade, na velhice gostávamos de ser bonitos e ter sáude, mas em boa verdade também existem pessoas jovens que são feias e doentes.

Já pensaste sobre os teus medos do envelhecimento. E os teus preconceitos em relação ao envelhecimento? Os nossos preconceitos?

Eu cá Acho que serás uma velha "shibui" (palavra que só existe no Japão para classificar unicamente a beleza da velhice)=)