quinta-feira, fevereiro 11, 2010

na ilha deserta...

Fui a uma conferência que tinha por oradora uma professora universitária, economista, anterior presidente da Comissão Nacional 'Justiça e Paz'. O tema era "Desenvolvimento social e vocação cristã na construção do mundo". Gostei de a ouvir, entre pragmatismo, citações de Encíclicas, experiência de vida, conhecimentos económicos.

Com os meus botões, dei por mim a pensar algo que já não me ocorre pela primeira vez... é uma "pena" que só vá a um certo tipo de conferências, seminários (..etc), quem partilha, à partida, de ideias e convicções semelhantes às colocadas em questão.

Quando era criança inquietavam-me os comícios políticos: "Pai, se as pessoas que vêm aqui apoiar este candidato já vão votar nele à partida, qual é a lógic
a dos comícios? Não deveriam ser para as pessoas dos outros partidos virem ouvir as ideias que ainda não conhecem?"

...


Recebemos dos pais (essencialmente) as directrizes para a vida, os ideais, as "regras" e a conduta da construção do nosso futuro. É-nos ensinado a arriscar, sempre entre linhas orientadoras específicas e objectivas. qb.

Talvez devêssemos ser, a certa altura, obrigados a experimentar o desconhecido, a viver o oposto daquilo a que nos levaram a acreditar, a contrariar o inato ou cedo adquirido. Fazemo-lo na rebeldia da adolescência sem dar por isso, tentamos o fruto proibido. Mas não o fazemos enquanto opção legítima.


Ninguém nos ensina a ser corajosos. E invejamos a coragem de outros, de cada vez que alguém é capaz de arriscar os nossos próprios sonhos.

Se amanhã eu pegasse numa mochila e partisse sem data de regresso ou até talvez por um tempo definido, ainda que longo...
Uns achar-me-iam louca e inconsequente. Foi esta a educação que tive? Não deveria eu agora ter um bom trabalho, casar-me, ter filhos educá-los em bons colégios e instruí-los a seguirem um círculo deveras melhorado do que foi a minha vida?
Afinal de contas é este o plano!
Outros invejar-me-iam, pela ousadia e coragem de partir e contrariar o pré-estabelecido, o que pré-estabeleceram para mim.


Nós, ocidentais, temos um 'código genético programado à nascença'. A liberdade de escolha é condicionada (inconscientemente) pela educação e valores que nos são incutidos. E, ainda que nos passe pela cabeça (quase todos os dias) 'arriscar para lá do combinado', não ser o que os outros (e, no fundo, nós mesmos!!) esperam que sejamos, largar a rotina e seguir somente o instinto, o nosso racional, aliado ao comodismo e ao medo, falam (quase) sempre mais alto e "restringimo-nos" a sonhar, o que, só por si, é já um direito, uma conquista e um dom que não é de todos.

E, na tristeza de não sermos corajosos, devemos estar gratos por isso mesmo: sonhamos e vamos acordando em sonhos...


1 comentário:

karu disse...

Hmmmmmmmmmm... (pensativo)