domingo, março 04, 2007

registos...

Cidade viva. Cidade encantadora. Multidões de fora, agitação nocturna.
Quartier Latin, um qualquer restaurante bem apetecível, quer nos preços quer na qualidade.

Um amigo com quem partilho, numa distância sem barreiras, a infância, a adolescência, a juventude, com quem me sento e sinto que o tempo não passou. Com quem sou eu, a mesma de sempre, com mais ou menos tempero, fruto das vivências. Revejo-me, sinto a autenticidade, o fundo, o ser e o estar que permanecem na roda viva dos tempos. Sinto-me bem. Rio como quando ríamos aos 8 anos, numa luta em jogos de crianças.

Um outro amigo, mais recente. Cheio de sabedoria, com quem se aprende e se cresce. Um amigo que faz o mundo ser pequeno e grande ao mesmo tempo. Que transmite ânsia de conhecimento. No meio das inseguranças o olhar é de quem está certo no que diz. Confiança nas palavras e nas acções.

Ganha o riso e a boa disposição. Ganham as conversas construtivas.
"Explica-me tudo sobre isso, quero saber. O que fazem vocês?"; "Nada, eles não fazem nada" ... "Sim... o que sabemos e podemos e os erros são a nossa fonte de aprendizagem".
"... mundo cor-de-rosa", o "crescimento económico", "Deus e o mundo", "o filme e a realidade", " o mundo..."

Em não mais que 5 minutos fala-se do poder das relações, de Deus ao semelhante...sai qualquer coisa como isto, que matuto até hoje... que sendo verdade não posso querer que seja mentira.
"As relações implicam sempre um elo de superioridade. Não há relações equilaterais. Um dos lados é claramente dominante. Subordinação. Cedência. Aceitação. O lado que se afirma, que tem o leme. O lado que observa. (...) (...) Sou, na minhas relações, aquele que dita a última palavra, o que decide e determina, o que sem esforços, por essência ou razões inatas, inconscientemente dita as regras. Sou, nas minhas outras relações, o que segue, o que imita, o que admira e não questiona nem discute, o que não tem argumentos válidos, mesmo podendo estar do lado do que se aproxima da razão, mas que cega pelo fascínio." (...)

Não sei ao certo as palavras usadas, estas distorcem talvez o que foi dito, mas a simplicidade de quem as disse, atrevo-me a dizer, a inocência com que foram pensadas...

Dei por mim a pensar, perante 2 amigos tão diferentes e distantes, com quem o meu percurso se cruzou apenas nesta cidade, neste restaurante, qual seria o meu papel com cada um deles...


Que tipo de relações temos nós?

3 comentários:

Anónimo disse...

Mais um para juntar à confusão...

Acho que as relações são "equilibradas" à sua maneira. Domínio e submissão são palavras muito fortes, mas há de facto influências, muitas vezes maiores de uma das partes. E isto vem da personalidade das pessoas...se são mais afirmativas ou mais passivas. Curiosamente isso muda de relação para relação.

Algo que acho muito misterioso nas relações é que elas não vivem só disto. Cria-se uma ligação que transcende as duas partes...
No fundo é um desequilíbrio saudável e que nos equilibra por dentro.

palmo_e_meio disse...

As palavras foram, de facto, fortes demais. Tal como disse não consegui transcrever o que foi verdadeiramente dito e, de maneira nenhuma, se falou em relações desiquilibradas, mas sim não equilaterais, ou se seja, muito pacificamente, e não numa perspectiva negativista, a ideia transmitida é que as relações são equilibradas precisamente porque para esse equilíbrio há uma maior afirmação de uma das partes, seguida obrigatoriamente de uma "desafirmação" da outra parte.
Não é de maneira nenhuma em grande escala, fiz-me entender erradamente, Gonçalinho.
Mas pelo que observo à minha volta é o que acontece. E não é necessariamente mau, embora faça alguma confusão à primeira vista, para quem quer e acredita nas relações de igual para igual.
Subscrevo o "Meioeu". (sintonia)
Basta pensares nas tuas relações mais próximas e em como tu és mais influente nalgumas e mais influenciado noutras.

Tenho pena de não ter gravado o que foi dito, porque fazia mesmo sentido..

E também considero as minhas relações equilibradas, na sua maioria. E não acho que o facto de numas eu ser mais mestre, noutras mais aprendiz me faça perder o interesse, pelo contrário.
Com quem me sinto mais pequena, menos reactiva, mas insegura, procuro perceber o porquê disso em mim, o porquê das minha reacções de "inferioridade" e pensar nisso leva-me a querer ser melhor, a buscar, a ir mais além em diferentes campos. Puxa por mim.
Por sua vez, nos casos em que me sinto a "comandar o barco", tenho o cuidado e a atenção de ser humilde, de dar, ser exemplo, ensinar e empurrar a pessoa para a frente.
Acho que é esse o objectivo, servirmo-nos da melhor forma das relações que temos, para benefício de ambos.
O problema está nos "abusos de poder", por um lado, e na tal "submissão", por outro. É preciso um bom discernimento e a capacidade de sermos sempre nós próprios em qualquer circunstância.

Eu conheço a tua paixão e entrega nas relações e és exemplo porque és o equilíbrio por natureza!;) Mas nem todos nascemos com esse dom...

inês disse...

acredito que cada um (se) dá como sabe... ou como tem vontade, naquela altura.