segunda-feira, agosto 31, 2009
da rádio...
Reajo a esse incómodo olhar, nem quero acreditar
Que vem na minha direcção
Há dias que estou a reparar, nem queres disfarçar
Roubas a minha atenção
Aprecio o teu dom de tornar, nao clico o meu falar
Numa total confusão
Confesso que só de imaginar, que te vou encontrar
Me sobe à boca o coração
E falas de ti, falas do tempo
Prolongas o momento. dum simples cumprimentar
Falas do dia, falas da noite
Nem sei que responda, perdido no teu olhar
É certo que sempre ouvi dizer, que do querer ao fazer
Vai um enorme esticão
Mas haverá quem possa negar, que querer é poder
E o nunca é uma invenção
Bem sei que este nosso cruzar, pode até nem passar
Dum capricho sem valor
Mas porque raio hei-de evitar, se esse teu ar
Me trouxe ao sangue calor
E falas de ti, falas do tempo
Prolongas o momento. dum simples cumprimentar
Falas do dia, falas da noite
Nem sei que responda
E falas de ti, falas do tempo
Prolongas o momento. dum simples cumprimentar
Falas do dia, falas da noite
Nem sei que responda, perdido no teu olhar
Virgem Suta, "Linhas cruzadas"
terça-feira, agosto 25, 2009
segunda-feira, agosto 17, 2009
não é meu...
"A noite é uma pessoa muito sensível
A noite sensibiliza e eu só de pensar nisso choro. A imagem que de resto gostaria que tivessem neste momento, é a de um homem que sou eu, com os ombros fixos a esta secretária e as mãos na cabeça a dizer repetidas vezes " Oh não, oh não!". Só que entretanto perguntam-me : Mas alguém que está com os ombros fixos na secretária e as mãos na cabeça, como pode estar a escrever exactamente isso? Então deixaria de ter as mãos à cabeça? Forçosamente teria que descolar os ombros da secretária? Não poderia escrever desse modo? Pois bem, para esses a minha resposta é muito clara: onde é que íamos?
Exactamente, falávamos sobre estas diferenças , entre a noite e o dia e os comportamentos a que cada um nos leva. O problema da noite é que sugere. O dia – a sugerir – só se for a cadeia de supermercados. E eu prefiro o pingo doce, embora nunca lhes perdoei terem retirado o cartão dominó.
É isto sim, o dia é um trabalhador incansável que só pensa na carreira e nos aumentos salariais e nas entrevistas ao semanário económico a explicar tão bons resultados para a sua empresa. A fotografia a cores a dizer. "Empresário de Sucesso". Já a noite não é nada disto. A noite preocupa-se com ela, com o bem estar dela, com os amigos, com viver uma vida que – à partida e até provas em contrário – é de passagem única. É isto. E saber, que depois disto nada. A noite penso que terá percebido isto antes do dia. E isso faz dela mais feliz. Ou muito próximo disso.
Daí toda esta sensibilidade e só isso explique o quanto nos abraçamos à noite, o quanto nos amamos à noite, o quanto telefonamos à noite uns para os outros sem que isso pareça ridículo ou motivo de desconfiança para um notório desequilíbrio emocional. Uma chamada às 5 da manhã para dizer que gostávamos de alguém verdadeiramente e lhe pedirmos desculpa de um erro ao outro é diferente de uma chamada às 5 da tarde, com idêntica confidência. Às 5 da tarde é óbvio que essa pessoa estará com um fortíssimo desequilíbrio emocional e precisa de acompanhamento médico. Ás 5 da manhã é óbvio que está completamente embriagada e a precisar que alguém a leve a casa.De preferência, já."
PS: É louco e subtil...
Gostei e pronto.
terça-feira, agosto 11, 2009
em 2010...
sexta-feira, agosto 07, 2009
lá atrás...
Não vi ainda os vídeos todos do início ao fim, verei.
Há algumas coisas que apertam, de imediato, o coração, sem que tenha lá estado um dia. Mas há também algumas que despertam um estado de inquietação que não consigo explicar, porque são mais os brancos que os pretos nestas filmagens e é notória uma certa atribuição do elevado nível de vida aos brancos e das profissões operárias aos pretos.
Não tiro ilações. Não pretendo nem tenho legitimidade para falar do que não vivi, não vi, não entendo.
Mas África mexe. Mexe e pronto. Desperta os sentidos. Causa taquicardia. Brilho nos olhos. Ansiedade...
Estes vídeos, bons ou maus, tenham a visão que tiverem, mexem. Falam. Transmitem.
quarta-feira, agosto 05, 2009
rir até cansar...
Para rir e melhor rir: AQUI
Quem não tiver rigorosamente nada para fazer tem um bom modo de passar o tempo.
Quem tiver muito para fazer pode vir aqui descontrair.
Quem tiver mais ou menos para fazer, faça como quiser ;)
Não poderia haver melhor compilação da melhor comédia portuguesa (e requintada!).
segunda-feira, agosto 03, 2009
momentos...
São os maiores!!
Também aqui.
lições...
A minha mãe desde sempre me disse: "Filha, tu és muito urbana!" Não diz com grande alegria, assim como eu não ouço com grande orgulho. A verdade é que sou mesmo, gosto da confusão, do anonimato, das noites agitadas, do trânsito (não de ponta), da vida mais em turbilhão.
Nasci com aviários, vacarias e muitas terras de cultivo por perto. Nunca fui muito pró-activa em tarefas do campo. Agora gosto de uma boa vindima, apanha da maçã, de ir à terra apanhar ares do campo, de cozer pão no forno da aldeia, de apanhar legumes para trazer.
Gosto de ir e apreciar a simplicidade das pessoas, de ouvir as expressões da terra, de estar lá no meio do nada. Mas gosto de ir e estar porque sei que volto à cidade.
E isto não é bom nem mau. Acho que sou simplesmente eu.
Há dias fui subir o Guadiana com a família. Tinha descido o Douro em Setembro do ano passado e tinha sido uma viagem pacífica, recatada e requintada. A paz do rio por entre a paisagem mais bonita que Portugal ostenta (opinião pessoal). Expectativas semelhantes para o Guadiana. Qual surpresa, um barco em tudo diferente da do Douro, e, ainda mais, turistas consideravelmente diferentes. Algumas (muitas) horas de música Pimba em grande, em decibéis audíveis em qualquer recanto do rio, bailarico para o "povo", apenas com interrupção para almoço dos músicos. Qual cabeça a minha a implodir para não explodir. E a paisagem que nem sequer é nada que me encante.
Na viagem de regresso, subimos ao leme, o capitão do barco meteu conversa e o comandante foi atrás. Ouvimos uma vida de histórias, partilhei viagens na costa africana. Regressei (com a música no convés sempre presente) a desfrutar da brisa do rio e a ouvir a simplicidade de gente do mar. No meio da conversa diz o capitão: "Hoje já ninguém fala de boca, de coração."
Foi um dia ganho, afinal. Sou urbana mas aprecio a sabedoria popular, a sabedoria da vida. Aprende-se muito com quem já viveu muito. Aprende-se com quem viveu longe da cidade, porque na cidade as tentações de aprender pouco são sempre muitas.