sexta-feira, maio 30, 2008

Cartas (de amor)... quem as tem?


Uma carta é escrita só para uma pessoa. Demora muito mais tempo a escrever e a enviar do que a receber e ler. Enquanto numa conversa o tempo que leva a falar é igual ao que leva a ouvir, escrever uma carta é uma dádiva. E fica.

Miguel Esteves Cardoso



... Em tempo de Internet, quase esquecemos a emoção de ver um envelope surgir nas nossas caixas de correio, assim de destinatário escrito à mão e não remetido pela EDP ou Águas de Coimbra. Lembrar que há sempre uns CTT por perto, de "caixa aberta" em convite às nossas missivas.

quarta-feira, maio 28, 2008

utopias...?


A Declaração do Milénio, adoptada em 2000, por todos os 189 Estados Membros da Assembleia Geral das Nações Unidas, veio lançar um processo decisivo da cooperação global no século XXI. Nela foi dado um enorme impulso às questões do Desenvolvimento, com a identificação dos desafios centrais enfrentados pela Humanidade no limiar do novo milénio, e com a aprovação dos denominados Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (MDGs) pela comunidade internacional, a serem atingidos num prazo de 25 anos, nomeadamente:


  1. Erradicar a pobreza extrema e a fome

  2. Alcançar a educação primária universal

  3. Promover a igualdade do género e capacitar as mulheres

  4. Reduzir a mortalidade infantil

  5. Melhorar a saúde materna

  6. Combater o HIV/SIDA, a malária e outras doenças

  7. Assegurar a sustentabilidade ambiental

  8. Desenvolver uma parceria global para o desenvolvimento


Foram ainda aí estabelecidas metas quantitativas para a maioria dos objectivos, com vista a possibilitar a medição e acompanhamento dos progressos efectuados na sua concretização, ao nível global e nacional.



sábado, maio 24, 2008

versos...



















"Ainda sabemos cantar,
só a nossa voz é que mudou:
somos agora mais lentos,
mais amargos,
e um novo gesto é igual ao que passou.

Um verso já não é a maravilha,
um corpo já não é a plenitude."


Eugénio de Andrade

sexta-feira, maio 23, 2008

propósitos...


Lembro-me frequentemente e gosto muito de uma uma frase do Raúl Solnado...
"Façam o favor de ser felizes!"


Lembro-me também de um anúncio publicitário...

"Aqui vou ser feliz!"


Hoje acordei com a sensação...

"Amanhã vou ser feliz!"


E o amanhã vem depois...

quinta-feira, maio 22, 2008

senso comum...



















Ontem fui à missa. Uma missa onde estamos sentados no chão, onde se ouvem músicas que chegam ao coração, que nos amolecem a alma e onde há um espaço de partilha para quem assim o desejar. Ultimamente tem-me irritado ir lá, por duas razões. A primeira é que, embora as homilias sejam muito acertadas, concretas, objectivas e aplicadas à vida real, os senhores padres falem muito bem, e o que dizem tem sentido, soam-me a teorias "cor-de-rosa". É um optimismo que nem sempre consigo perceber, acompanhar. Não sei se é algum sentimento subconsciente de raiva, por nada do que ouço se enquadrar com o que sinto, e por isso rejeito, se é por de facto a vida não ser de todo assim. Tenho um amigo que me dizia que aquelas missas eram uma "farsa", porque transmitiam à pessoas uma ideia da vida que depois não correspondia à vida real, ao que as pessoas têm que enfrentar e ao que os próprios oradores viviam. Deixou-me sempre a pensar. Tenho a noção de que é importante receber sinais de confiança, de esperança, palavras sábias, algumas bem verdade. Mas também tenho noção de que quando saímos daquela porta tudo é diferente, nada é fácil como nos fazem parecer. Estilo "olha para o que eu digo, não olhes para o que acontece."
A segunda coisa que me me deixa inquieta, no seguimento da visão cor-de-rosa do mundo, são as partilhas da maior parte das pessoas, que me soam a "hipócritas", que mostram uma ânsia de dizer seja o que for para fugir ao silêncio, porque esse sim, pode ser revelador.
Ontem ouvi algumas coisas que registei mentalmente para tentar não me esquecer, porque as faço exactamente ao contrário e não fazem de mim uma pessoa melhor, nem me ajudam a fazer felizes os que estão à minha volta. Espero que, mais do que ouvir atentamente ou admirar o que é dito, pela maneira como é dito, as pessoas retirem de cada missa algo que lhes torne os dias melhores, no meio das dificuldades e atribulações, algo que seja motivação de seguir em frente. Os PPP: pouco, pequeno e possível.


terça-feira, maio 20, 2008

Mais uma sonhadora... por acaso.


"O acaso é a forma que Deus utiliza para comunicar connosco." E é precisamente nele que O tenho encontrado tantas vezes. Porquê sonhar precisamente hoje (e finalmente) em tons de roxo? E o acaso é a resposta, chegado por mail no momento m. Após outra chegada que veio falar a um desassossego instalado, e soprar brisas de alento para um seguir em frente. "Porque Ele escolhe os seus ajudantes".

segunda-feira, maio 19, 2008

piadética...





Quem se enquadra???

«Os "vinte", nos homens, são uma fase da vida em que se fundem, de uma forma incontrolável e quase imprevisível:
1. a constatação das nossas limitações físicas, mentais, biológicas (ou genéticas, se quiseres), culturais e de educação (o "input" durante a nossa infância, basicamente) - e simultaneamente uma luta contra estas restrições.
2. a procura de vermos satisfeitos os nossos desejos e impulsos sexuais mais selvagens e irreprimíveis (em termos práticos, vemos muitas mulheres que nos agradam / provocam, por um motivo ou por outro - não necessariamente só físico, e queremos "dominá-las" e "esgotar" este factor "desconhecimento e curiosidade", sendo a forma última dessa "possessão" a posse sexual - desculpa ser tão rude, mas os nossos instintos de reprodução controlam! depois é uma questão do quanto nos conseguimos "controlar" para os "evitar"...)
3. assunção de uma razão de ser e viver (que na maior parte das vezes tentamos relacionar e justificar, quase inconscientemente, com uma área vizinha à da nossa actividade profissional), associada à tentativa de se lutar pelos nossos objectivos "pessoais" (estes objectivos são, simplesmente, a resposta que damos à questão "Se não tivéssemos limitações de qq ordem, o que realmente gostaríamos de ter, ser e fazer?").
4. uma crescente necessidade de racionalizarmos o nosso comportamento e, em geral, do "funcionamento" de todos os detalhes deste mundo
5. a consciência entre a necessidade de se optar pelo vector variedade (+, no sentido de "festa!") e instabilidade (-, no sentido de "areias movediças") ou pelo par uniformidade (-, no sentido de "seca!") e estabilidade (+, no sentido de "protecção").
6. a tentativa de não admitirmos os (ou alguns) dos pontos anteriores.

Assim, se procurares uma justificação para o comportamento de um homem numa relação (pelo menos nesta década dos vinte, inícios de trinta), geralmente podes encontrar a resposta nos pontos 2 e 5. Também, por vezes, o ponto 3 pode desempenhar um papel (caso os objectivos de ambas as partes da relação sejam bastante distintos). O ponto 1 geralmente serve como estabilizador da relação. O ponto 4 pode entrar em jogo se a mulher tiver comportamentos demasiadamente "estranhos" (o que é bem diferente de "imprevisível"!). O 6 é a rebeldia que fica da década anterior... e é este ponto que o homem usa quando conta histórias rocambolescas à sua "companheira", tentando explicar o que se passa de "menos bom" na relação. Infelizmente, EM GERAL, são mesmos os outros pontos que mandam.»

fonte não revelada


encontros...

























Hoje fui almoçar com um grande amigo, daqueles que vem dos tempos de caloira, quando não vislumbrava sequer o que seria a minha vida por Coimbra. Mas já na altura sabia que podia contar com ele, porque já na altura era das poucas pessoas com quem me sentia em sintonia em vários campos da minha vida, pela sensatez, os valores,
princípios, objectivos de vida... Fomos fazendo um percurso mais ou menos semelhante, com alguns encontros e desencontros. Estudamos o mesmo curso, na mesma faculdade, fizemos ambos Erasmus no país da língua romântica, interessa-nos o mundo e as viagens, as pessoas e o seu lado humano. Faltava-nos um ponto de ajuste. África. Hoje fomos almoçar, não só porque gostamos de nos manter informados acerca um do outro, nesse processo a que chamam de amizade, mas também porque ele regressou de um mês em África há pouco tempo e ainda não tínhamos tido oportunidade de partilhar os sentimentos, as desilusões, as angústias, as ideias reformuladas depois de pisar a realidade africana. Quando ele saiu do carro fiquei a pensar sozinha na conversa que tivemos. Apercebi-me que vim de África há demasiado tempo, se não estou em erro, 3 de Setembro de 2005, e quando estamos demasiado tempo afastados de algo, alguém ou algures, reformulamos a nossa imagem para uma imagem romântica, idealista. Quero muito voltar a África, desta a um país ainda mais carente de sonhos, carente de pão, de mãos, de vontades, objectivos, justiça, paz... escreveria mais umas quantas carências. Quero voltar para não esquecer, para lembrar, para sentir. Quero conseguir ver Deus lá, nas pessoas, nos olhares, na terra, nos buracos das estradas, na ausência.. descobri-Lo mesmo onde o mundo é tão pouco digno. Dizia ele.. "é por isso que as pessoas lá não deprimem, não podem ter depressões". Pois não... nós é que deprimimos porque temos acesso a demasiadas coisas, a demasiadas tentações. "Só uma intervenção política podia salvar aquele continente". Utopia pura. O meu pai, "sábio que doí", no fim-de-semana tentou explicar-me a lógica de África. Continente escravo a vida toda, jogado ao abandono. O que esperamos nós afinal? A minha irmã dizia que se até nós portugueses, em democracia há 30 anos estamos como estamos, como queremos ver África em progresso?
Questões de uma história interminável, num continente que em mudança, parece ter estagnado no tempo. Não consigo chegar a respostas, pensar sequer em conclusões. O meu papel é uma incógnita, procuro percebê-lo. A vontade de ser cidadã voltou, o sonho de ver uma África de cidadãos é quase um atentado à inteligência.
Mas anseio para breve o reencontro.


domingo, maio 18, 2008

the point of (no) return...



Acordei com uma vontade súbita de escrever. Tantas coisas me passaram pela cabeça, textos completos, as coisas que repentinamente me apeteciam partilhar aqui.

Percebi que não tenho escrito, não só por preguiça, mas porque "não tenho assunto"... ou tenho assuntos que de algum modo me sinto inibida de escrever aqui.. Então percebi que a minha vida anda "sem assunto", ou melhor, assuntos há, mas deixo-os passar ao lado de tão centrada que ando nas minhas hérnias umbilicais.
Sempre em sintonia com a "minha Inês", a minha primeira motivação de escrita foi o Sr. Jaime, um doente de 70 e poucos anos, que vimos na semana passada. Um senhor, de olhos cor do céu, um sorriso estampado, um misto de alegria, nostalgia e resignação no olhar, a simplicidade de um homem do campo que toda a vita lutou e trabalhou "no ganha pão", desde a agricultura aos camiões pesados. "Sei tocar saxofone, clarinete", e mais algum outro instrumento que já não recordo. Tocava na banda lá da terra, mas "agora já ninguém quer saber"...
"É casado?" "Viuvo, infelizmente." As filhas tomam conta do pai, aparentemente atenciosas, os netos "só querem saber de sair à noite".
O Sr. Jaime tem uma estenose aórtica, dá-lhe muito cansaço e falta de ar. "Nestes últimos tempos já mal saio de casa... nem sei.. estou para lá sozinho, quase que pareço um velho".
O Sr. Jaime não sabe que foi o momento mais bonito desse meu dia. Também não sabe que me fez perceber que andava a viver a vida toda do avesso.
Simultaneamente a isto voltei a fazer diariamente o "exame de consciência", onde percebi que, de facto, consciência tenho tido pouco. De que me queixo afinal? De ser tão feliz que não posso aguentar com tanta felicidade?
Não... mas hoje acordei com vontade de voltar a escrever, assim como com vontade de secar as lágrimas, com vontade de me (re)encontrar, de lutar por mim, pelo que está esquecido, pela vida tenho tenho e pela qual só posso dar graças.
Amanhã não sei como vou acordar, mas deixo que este registo me recorde o propósito de hoje para os dias que se seguem.


quinta-feira, maio 08, 2008

em seco...